Anteriomente na história
Deixei-me adormecer, deixei-me levar pela dor…
O líquido fornecia sangue quente e velocidade aos meus órgãos. Sentia cada porção do meu corpo a ganhar força, poder… e vida, principalmente o meu pequeno coração.
… Talvez deixei-me anestesiar por minutos, horas ou dias...
Capítulo 30 - O Início da Era "Lobisomem"
O veneno abrandou quando senti o meu corpo a acalmar e a deixar-me mover cada extremidade do meu novo ser.
Comecei por mover os dedos dos pés, senti que os conseguia mover. Sorri levemente, ainda de olhos fechados, ao constatar tal facto.
Movi a minha mão direito e girei-a no ar, constatando novamente que estava viva… e bem viva.
Ao percorrer o caminho para depositar a mão no seu lugar inicial, sobre o meu ventre, algo macio, curto e com um cheiro demasiado cativante.
Só podia ser do meu… Jacob!
Abri lentamente os olhos e encontrei um rapaz moreno, de cabelo preto a dormir tranquilamente sobre o meu peito, que se movia ao ritmo da minha respiração.
Sentiu a soltar pequenos soluços. Deve ter estado a chorar!
Instintivamente passei os meus dedos pela sua face, tentando apaziguar essa dor. Era tão reconfortante acariciar a sua pele.
Estremeceu de repente e deu sinais de estar prestes a despertar.
- Olá dorminhoco! – Cumprimentei-o, continuando a alisar a sua fase.
- Olá meu am… - murmurou com um sorriso, mas a sua expressão mudou logo de seguida – Que fazes aqui? Porquê que te encontras comigo? - Ainda se encontrava de olhos fechados.
Olhei para ele, atónita e perplexa. O quê? Ele não devia de estar bem! – pensei mas logo descobri a razão para tais disparates – Estava a sonhar!
Formou-se um leve sorriso nos meus lábios ao constatar que entrava no seu sonho, nos seus pensamentos mais profundos embora o sonho dele não estivesse a dizer a verdade.
- Jack acorda! – Murmurei docemente, passando o dedo indicador pelo seu nariz.
- Saí! Saí daqui! – Estava tão entranhado nos seus pensamentos que nem me ouvia. – Este lugar não é para ti! O teu lugar é no paraíso e não no inferno, neste lugar horrível.
- Jack amor! Eu estou em Forks e tu também.
- Não é verdade. Nenhum de nós está em Forks. Não devias est… – Segredei-o colocando o dedo, anteriormente na ponta do seu nariz sobre os seus lábios.
- Cala-te e descobre os sons que encontras nesta sala. - Ele ficou a escuta, tal como eu.
No andar de baixo ouvia-se três pausados corações – o terceiro coração devia de ser do visitante que chegou antes de adormecer, um lobo talvez – os saltos finos da tia Rose, dois ressonares muito levezinhos e por fim dos corações sincronizados um com o outro a bater no andar de cima.
Levantou-se sobressaltado e desajeitadamente para ficar a olhar perplexo e de boca aberta para mim, eu que estava na mesma posição mas com um sorriso caloroso nos lábios.
- Nessie! Estás aqui comigo? Viva e em Forks? – Não me deixou responder nem com palavras nem com gestos pois a minha área exclusivamente destinada ao pensamento foi afetada pelo beijo mais intenso e apaixonado que alguma vez me dera.
Amo-te! Amo-te! Amo-te! – Murmurava no meio de cada beijo.
Separamo-nos para recuperação do ar perdido.
- Também te amo. – Continuava com o meu sorriso afetuoso.
Passou as pontas dos dedos pela minha face até alcançar os meus lábios. Eu recostei-me naquele consolo.
- Continuas perfeita. Linda como sempre. – Referiu-se a minha transformação, com um indescritível brilho nos olhos como olha-se na direção do sol.
Talvez representasse para ele o mesmo sol que ele representa para mim. – Este pensamento fez aumentar ainda mais o meu sorriso se tal ainda fosse possível.
- Estou muito desiludida contigo – Comecei a conversa séria que deixei pendente quando adormeci.
- Porquê? – Questionou, hipnotizando-me com o seu olhar que buscava por informações no meu.
- Porque, se eu morresse, não ias cumprir a promessa que eu te fiz prometer.
- Ouviste isso? – Afastou-se atrapalhadíssimo por ter sido “apanhado”.
Moveu-se de um lado ao outro da sala a velocidade humana normal, levando as unhas a boca para as roer, ponderando certamente a resposta a dar.
- Podes parar? – Pedi pondo o meu sorriso mais afável possível, tentando esconder o meu receio pela sua resposta. Esta questão foi como um sinal para ele.
Parou de repente, abanou a cabeça concordando com a ideia que lhe surgira e avançou para a cadeira de escritório azul escura que se encontrava do meu lado direito.
– Era o que eu faria amor. Iria desistir desta vida porque sem ti eu não sobreviveria. – Pegou na minha mão direita e envolveu nas suas.
- Mas… e as nossas filhas? Elas iam precisar de ti, iam precisar do apoio e educação do pai.
- Elas têm tios e avós fantásticos que tomariam bem conta delas e dariam uma excelente educação. Não terias que te preocupar com isso. – sorriu timidamente ao mesmo tempo que colocava uma madeixa do meu cabelo no seu lugar - Estou perdoado?
Chamei-o com o dedo indicador para ele se aproximar de mim e o sorriso dele abriu para o dobro. Beijei-o como resposta.
- Respondi à tua questão?
Ele fingiu que pensou na resposta…
– Ainda não percebi muito bem – Desta vez foi ele que procurou pelo sabor dos meus lábios.
Fomos interrompidos do nosso momento amoroso por três batidas na porta.